sábado, 12 de janeiro de 2013

Um cinquentão invencível

Tom Cruise não liga para a idade e o físico: o importante é ser herói de uma nova franquia de espionagem
Um atirador profissional estaciona o carro em Pittsburgh, paga o parquímetro, vai até a janela, tira uma sniper da manga, respira fundo enquanto procura seus inocentes alvos e pronto, cinco pessoas são mortas. O suspeito é preso e quando vai assinar o documento de confissão que pode livrá-lo da pena de morte duas palavras são escritas ao invés da assinatura: Jack Reacher.
Provavelmente ninguém conseguiria evitar que o veterano de guerra fosse, no mínimo, condenado à perpétua, já que todos os indícios levaram a crer que os disparos foram feitos por ele e nem sua advogada acredita na inocência do atirador. No entanto, Jack Reacher estranha que o homem tenha pago o parquímetro e resolve entrar no caso. E Reacher poderia ser facilmente confundido com um Bourne com memória de elefante, um Rambo repaginado ou um Bond, James Bond, nada mulherengo.
Tom Cruise é um militar aposentado em “Jack Reacher: O Último Tiro”, longa que estreou ontem nos cinemas da região. Cruise quebra estereótipos com um personagem que vive na sombra das cidades, impossível de ser encontrado -- a menos que ele queira.
Descaracterizando completamente a estética dos espiões hollywoodianos, Reacher não usa terno e gravata, aliás, só tem uma composição de figurino o filme todo e não se importa em mostrar seus músculos exagenários enquanto lava a única camisa que possui.
Não usa cartões de crédito, celulares, anda de ônibus e vive exatamente do que sua aposentadoria proporciona. Ainda assim, ele é Reacher, Jack Reacher, o herói que luta pela verdade, acerta em tudo, derruba todos os oponentes e não deixa escapar nenhum detalhe, principalmente o parquímetro.
Composição. Mesmo sem um conteúdo muito profundo, o filme provavelmente vai agradar os fãs do gênero “tiros + pancadaria + carros potentes” e desagradar quem costumava suspirar com o sorriso de dentes brancos do garotão de “Missão Impossível”. Jack é o papel menos carismático de Tom Cruise, perdendo até para seus vilões sorridentes.
“Jack Reacher” vale ser visto principalmente por algumas participações e diálogos, como é o caso do oitentão Robert Duvall, que protagoniza as principais cenas de humor do filme e do renomado diretor alemão Werner Herzog na pele do vilão Zec, que em sua sequência inicial discorre de forma interessante sobre o que se é capaz de fazer para sobreviver.
Aliás, cabe aqui concordar com alguns comentários sobre o filme que comparam a aparência de Herzog a do vilão Jigsaw (“Jogos Mortais”). É realmente bem parecido.
Argumento. “O Último Tiro” foi adaptado de uma série de livros escrita por Lee Child sobre um soldado de elite mais jovem e mais alto que Cruise, que não mede esforços para descobrir a verdade.
Desse modo, existe a possibilidade do filme se tornar uma franquia. Só depende do espectador lotar os cinemas e contar para os amigos. Portanto, adiante o ingresso e faça a sua parte ou, quem sabe, Jack Reacher resolva encontrar você.

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