terça-feira, 25 de maio de 2010

O Mundo Imaginário de Terry Gilliam

Sempre fui fissurada por contos de fadas e finais felizes. Ponto. Em 2005, por isso e pelo livro que leva o nome dos dois e que guardo como relíquia em casa desde 1997, quando, ainda criança escrevi: “Favor não estragar esse livro, ele é muito importante para mim”, resolvi ir ao cinema e assistir ao Os Irmãos Grimm de Terry Gilliam. Lembro que ainda estávamos na década passada do Cine Ouro Branco, quando as poltronas já não eram mais conservadoras e o som já beirava o 5.1. A sala estava vazia e eu fiquei dias pensando naquele filme, nos elementos que o ligavam às histórias de Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, Bela Adormecida, A Princesa e o Sapo, João e Maria, blá blá blá.

Há mais de um ano, passando pela sessão R$12,99 da Americanas eu agarrei um 12 Macacos, também de Terry Gilliam, e simplesmente adorei. Mas fiquei com aquela história toda de teoria do caos como uma pulga atrás da orelha, pensando como o mesmo diretor assinou produções tão diferentes.

Aí, quando vi uma chamada de O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus e, posteriormente, acompanhei as indicações ao Oscar, não parei quieta enquanto não assisti ao filme e... Ah... Que Terry Gilliam não é lá um diretor muito normal todo mundo sabe, que ele adora um tipo nonsense também. Mas eu posso estar sendo adiantada nas minhas conclusões, achei que a produção deixou a desejar.

Antes de qualquer coisa vou corrigir o comentário, a produção não deixoooou a desejar, aliás, ela foi fantástica. O filme é muito bem produzido, os efeitos são perfeitos e, se assistido no cinema deve, sim, pegar uns queixos caídos na platéia. Mas o roteiro me deixou com cara de paisagem.

Vamos parar para pensar... O que você espera de um filme que mistura o diabo, um contador de histórias, teatro, um mundo imaginário, um homem que aparece pendurado pelo pescoço e uma aposta por algumas almas? No mínimo algumas bizarrices e uma explicação boa no final, ou um final bom. Ao contrário do azar que Terry Gilliam tem, que já virou tabu e que chegou ao clímax em O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus com a morte do ator Heath Ledger no meio das filmagens, acredito que (infelizmente) o que deu certo no filme foi a morte de Ledger. Homenageado pelos amigos Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrel, o ator foi substituído por eles nas cenas em que estava dentro do espelho, dando ao seu personagem a cara de alguém sem cara, cara de pau, duas caras, sei lá.

O filme me fez mais uma vez pensar no 3D e nos efeitos especiais, além de fazer eu me perguntar se no futuro teremos bons roteiros ou apenas bons efeitos. Eu posso estar sendo conservadora, mas fico com os roteiros, com os diálogos que surpreendem, com as histórias que nos enlaçam e com os momentos que nos passam a perna e nos fazem pensar: "Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer". O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus não é o primeiro a me fazer pensar nisso e acredito que não será o último.

Há uma cena no filme em que Parnassus (Christopher Plummer) e o diabo conhecido como Nick (Tom Waits) falam sobre o fim das boas histórias, das histórias bem contadas, que fazem a imaginação parecer real. Os dois discutem o início de uma era tão racional que ninguém mais vai ter tempo para sonhar ou acreditar em um conto bem contado. Essa cena, para mim, coube perfeitamente na ideia que tenho tido do cinema atual. Será que um dia os efeitos serão tão fantásticos que as coisas simplesmente vão estar visíveis para todos de forma unilateral e tão clara que não precisaremos mais sentir, ouvir ou imaginar? Eu, sinceramente, espero que não.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Noticiando a Sétima arte

Como ando sem tempo e deixando alguns leitores na mão, de tantos em tantos vou postar algumas coisas sobre a Sétima Arte, mostrar que não morri, certo? I'll be back.

Inácio Araújo pergunta: "O 3D vai durar?"

"Saí do "Alice" ontem pensando se realmente o 3D vai emplacar.
Ou antes: vai emplacar em espetáculos infantis ou semi-infantis, animações, coisas assim. Isso é certo. Mas para o restante será que se aguenta?
Primeiro, acho uma chatice colocar aqueles óculos incômodos para ver o filme.
Segundo, a mim pelo menos, o processo cansa a vista. No "Avatar" senti isso claramente. No "Alice", menos, mas o filme é bem mais curto.
Terceiro, fiquei com a impressão de que as virtudes do "Alice" independem do 3D, enquanto uma parte considerável de seus problemas vem de lá.
É como se houvesse toda uma adaptação para que os efeitos funcionem melhor."
[...]

http://inacio-a.blog.uol.com.br/arch2010-05-09_2010-05-15.html#2010_05-10_13_06_50-135949845-0



Já Ana Maria Bahiana rebate e "des-rebate" o 3D


"O 3D veio mesmo para ficar- por um algum tempo, pelo menos. O Hobbit – que começa a ser filmado em junho na Nova Zelândia- será 3D. Numa entrevista recente, Steven Spielberg me disse que está convencido da importância do 3D como “uma ferramenta a mais” para o realizador. Mas ele acha que a coisa não vai parar aí: “A verdadeira mudança será a experiência completamente imersiva e interativa, obtida através de capacetes de realidade virtual.” Ele parou um pouco para pensar e depois acrescentou: “Fica dificil comer pipoca com esses capacetes. E infelizmente vai ser muito individual e isolante, vamos perder o senso de comunidade dos cinemas.” Também acho…. (e vocês?)"

http://anamariabahiana.blog.uol.com.br/

O Cineasta das platéias mais perto de nós?


Os filmes da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, considerado o primeiro estúdio de cinema profissional no Brasil, podem agora ser assistidos gratuitamente na internet. Quem disponibiliza o importante e histórico acervo é a Elo Company, empresa especializada em mídias digitais e distribuição de conteúdo audiovisual, fazendo uma importante contribuição não apenas aos fãs do cinema, como ao patrimônio histórico e cultural do país.[...]

http://www.omelete.com.br/cinema/acervo-da-vera-cruz-pode-ser-assistido-gratuitamente-na-internet/


E como não poderia deixar de comentar, sobre Vera Cruz e Mazzaroppi talvez D'Amore possa comentar, eu só espero que a possibilidade do Brasil se aproximar da história do seu cinema possa nos ajudar a valorizá-lo. E o 3D é o 3D, já Alice não é grande coisa. Há um tempo, dois anos mais ou menos, escrevi um artigo chamado "Pela não banalização da pipoca", agora estou pensando em escrever "Pela não banalização do 3D", já já vai virar carne de vaca. (Espero que até lá o cinema de Dourados tenha aderido a ele, pelo menos)

Ainda no giro pelas telonas várias coisas por aí, A Hora do Pesadelo (fui procurar o primeiro filme, de 1984 para alugar, não tinha ¬¬. Penso que os remakes servem apenas para dar um empurrãozinho nas produtoras para que passem o original para DVD, estou no aguardo), Homem de Ferro II (O I é melhor, os diálogos do II continuam bons, mas faltou ação), Almodovar vai dirigir Antonio Bandeiras, o próximo filme do Batman está no forno, Transformers, Missão Impssível IV. Agora eu pergunto, tem algum novo filme sendo feito? Estamos na era das sequências. Para finalizar, a minha sugestão é Chico Xavier, que tirando um chroma key zoado na cena da cachoeira, é fantástico. E para quem gosta de monstros destruidores de cidades (fico imaginando o Stitch gritando "Raaaaurr" e empurrando prédios de brinquedo), vem aí um novo Gódzila, que emoção, hãn. Aí sim, fomos surpreendidos novamente.