sexta-feira, 26 de outubro de 2012

30 anos de ‘Rambostein’

Stallone é o ícone de um gênero em extinção
Com os músculos a mostra e cravando uma faca no pescoço do oficial um boina verde diz: “Na cidade você é a lei, aqui eu sou!”. John Rambo, interpretado por Sylvester Stallone nas telas, completou em outubro 30 anos de faixa amarrada na cabeça, faca da sorte no cinto e cartuchos de metralhadora com balas infinitas pendurados no peito. Alguns diriam que ele não chegou nem a meia idade, mas para a história do cinema, datada com menos de 120 anos e marcada por mudanças pontuais da tecnologia, o herói americano é quase um senhor idoso.
Na trama do primeiro filme o veterano da Guerra do Vietnã, John (Stallone), é preso injustamente pelo xerife da pacata Hope (no estado de Columbia Britânica, Canadá), mas consegue fugir e promove uma guerra não só contra o oficial que o prendeu, mas contra toda a cidade. Marcado por frases célebres do coronel que o treinou para o Vietnã, como “Eu não vim salvar Rambo dos seus policiais, vim salvar os seus policiais de Rambo”, o longa deu aos espectadores o que eles queriam: ação e sangue. Mas entre balas e machucados costurados por si mesmo, Rambo – Programado para matar, ofereceu muito mais, ele deu a nós um legado.
Durante uma entrevista, em meados do lançamento do primeiro longa-metragem da saga, Stallone chegou a comparar seu personagem ao Frankstein, um ‘Rambostein’, que seria visto no futuro como uma criatura pré-arcaica perante as milionárias produções cheias de inserções digitais, chegando a beirar o engraçado. O ator, que também dirigiu o último filme da franquia, utilizou pouco a tecnologia a seu favor, primando pela forma analógica de atuar em cinema do início ao fim da série, fazendo as cenas “no muque”. A repulsa tecnológica fica mais aparente no segundo filme, quando o Marechal Murdock diz que a tecnologia é a maior arma e Rambo responde: “Eu pensei que a mente fosse a nossa maior arma.” John Rambo é um combatente solitário na guerra cinematográfica contra os novos meios, um Tarzan armado à lá velho oeste, considerado um marco do gênero, mas rotulado por muitos já como um dinossauro de museu.
A dica é não classificar e dar uma chance a esse herói de meia idade cheio de traumas de guerra. O clássico está envelhecendo, assim como o próprio Rambo. Mas como os bons vinhos são os das mais antigas safras, ele , Sly (como Stallone é chamado pelos amigos), é o ícone quando se fala em personagem de ação e ainda pode, sozinho, desconectar as atuais amarras tecnológicas do cinema e recrutar novos fãs de testas enfaixadas. Afinal, por mais que haja tendências, não há leis para o ‘fazer’ cinema.
Comemoração. Muitos fãs foram a Hope para a comemoração de 30 anos da franquia, onde puderam fotografar locais marcantes do primeiro filme, como o penhasco do qual Rambo se joga para fugir da polícia e a ponte de madeira onde o xerife deixa o protagonista para que siga seu caminho.
Curiosidades. Na vida real Stallone quebrou duas costelas filmando o salto do penhasco. O roteiro original de Rambo - Programado para Matar previa que o protagonista cometeria suicídio no final do filme. A cena chegou a ser filmada, mas acabou sendo excluída. Rambo IV computou o maior número de mortes da franquia, são 236 pessoas, com uma média de 2,59 mortes por minuto.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Run, Drácula, run!

A relação entre Hotel Transylvânia e a falta de ar
Tenho visto muitas animações ultimamente. Tanto tenho como só escrevi sobre elas, o Cine-Rosebud não mente. Ontem fui ao cinema assistir Hotel Transylvânia, a nova jogada do ator de comédias Adam Sandler e que já vale mais cifrões que seus últimos filmes juntos. Quando os créditos finais começaram a subir eu me permiti colocar os miolos no lugar e tentar respirar. Foi aí que pensei: “Nem se o Forrest Gump quisesse ele correria tanto quanto esse filme.”
Os desenhos não são mais como antigamente, isso é um fato. Dias atrás fui assistir a alguns episódios de Caverna do Dragão -que, aliás, gosto muito- e me peguei pescando no meio da trama, pensando longe, bocejando, com a atenção completamente desviada. Ontem, assistindo aos monstros alforriados fazendo a festa no hotel do Conde Drácula, eu lembrei do Mestre dos Magos e sua turma e puxei na memória outros desenhos antigos que não tenho mais conseguido assistir. Doug Funny, Tintin, Cavalo de Fogo, Capitão Planeta, He Man marcaram a minha infância e até hoje eu cito falas e insisto que adoro cada um deles, mas não consigo mais acompanhar o raciocínio. As histórias são enroladas, cheias de detalhes nem sempre necessários, demoram para chegar no “vamo vê”. Por fim, me entreguei a conclusão que o trem da nova era me pegou, e, olha, não é maria fumaça não, é um verdadeiro trem bala.
Os animes/mangás dominaram o mundo com seus olhos enormes e reações exageradas, até a Turma da Mônica se adaptou (e confesso, li e gostei.). Os heróis dos quadrinhos fazem sucesso nas telonas, mas continuam sendo ‘cults’ nas páginas das HQs porque o estilo de desenho não alcança o gosto popular. É triste, mas é real. As animações agoras são ágeis, até bruscas, jurassicamente exageradas e o espectador se vê lá, adorando, mas precisando de uma bombinha de asma para conseguir puxar o ar. Hotel Transylvânia é o meu exemplo atual, mas temos Madagascar, Paranorman e tantos outros, até o carismático Nemo, a diferença é que a Pixar sabe dosar a bomba de oxigênio.
De qualquer forma estou decepcionada comigo e pretendo retomar o meu gosto pelas histórias curtas de longa duração sem essa parafernalha boa que eu adoro ver. Deve fazer bem pra saúde respirar pausadamente e deve fazer bem pra cabeça dar um tempo na correria.
Quanto ao filme que fui ver ontem, não é lá um hotel 5 estrelas, mas o serviço de quarto é ótimo. Pode apostar.