segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Terror, Trash, Terrir. O retorno de Sam Raimi


Domingo a tarde, dia de cinema, sessão relaxo, Domingão do Faustão, ou, para os um pouco mais ousados e com o estômago nada fraco a Sétima Arte apresenta desde a semana passada o retorno do rei. Nada de Senhor dos Anéis e Aragorn, não, o que vem por aí é o rei do Terror Trash anos 80, o Terrir, Sam Raimi (Aquele mesmo, das premiações do Homem Aranha).

Sinceramente, eu saí do cinema com um sorriso de orelha a orelha, mas acho que fui a única. Meus acompanhantes esperavam realmente um banho de sangue no estilo Tarantino, sustos escandalosos e o pavor dando nos nervos. Admito, os sustos bem que não deixaram a desejar, mas o conjunto da obra Arrasta-me Para o Inferno foi um pouco além e, para mim, conseguiu uma coisa quase impossível em filmes de terror, um equilíbrio, nojento, porém equilibrado.

Para quem não lembra, na década de 80 Sam Raimi criou a apavorante série Uma Noite Alucinante (Evil Dead, A Morte do Demônio) que, por outro lado, conseguiu também ser uma das mais divertidas além de precursoras do terror “terrir”. Nesse oooutro século da história do cinema, a veia cômica do diretor continua intacta, com aquele mesmo estilo irritante de terror que não faz ninguém nem pular nem rir na poltrona e sim perguntar num tom incrédulo: “O que é isso?”, ou “WTF???”. No fim, dá no mesmo. Como eu disse, ele equilibra o medo e o riso.

Aliás, sem dúvida a maioria das pessoas que virem o filme vão sair muito bravos porque tinham a expectativa de terminar a sessão sendo confundidos com as poltronas de tanto se afundarem nelas. Se essa for a sua única intenção, esqueça. Maaas, se você for alguém com um pouco menos de preconceito cinematográfico e que assuma que qualquer programa de índio te divirta, vá fundo. Arrasta-me Para o Inferno é um programão de índio intenso. Vai lhe render bons sustos e, de quebra, belas caras de bobo. Só para fazer um comentário sobre ver o filme no cinema ou alugar depois nas locadoras, vejam no cinema. O som ajuda (e muito) a dar aquele clima de terror e, para quem não gosta de terrir, vai realçar o susto e valer o preço do ingresso. Se vocês não entenderam a mensagem ainda, VÃO ASSISTIR! Esse post quer dizer pura e exclusivamente isso, sendo você um neurótico viciado em O Exorcista, Seven, A Noite dos Mortos Vivos ou Todo Mundo Um Pânico, vá.

Sam Raimi, que no fundo odeia filmes de terror, abusou das maldições, crenças e bizarrices nesse filme. E quando falo em bizarrices falo daquelas bravas mesmo. O diretor não poupou gosmas, insetos asquerosos e vômitos desnecessários –que aliás, todos tinham um imã fortíssimo para pararem na boca da protagonista Alison Lohman, a garota que uma única vez decidiu ser gananciosa e escolheu a vítima errada para isso.
Além do longa ter as características exigidas para dar um bom susto, todas as cenas são muito bem produzidas e, mesmo o final sendo um tanto previsível, foi um bom final feliz/infeliz/feliz... Depende do ponto de vista. Eu penso que foi feliz, visto pelo lado de que eu poderia respirar novamente depois. Não é lá um daqueles terrores que te dão muito tempo para acalmar os ânimos, sabe? Daqueles que você vê o dia amanhecer, se ajeita na poltrona e pensa “Uff, ainda bem que agora as coisas só voltam a acontecer de noite”. Não, o demônio não faz distinção dos horários mais assustadores.

O filme teve uma sessão especial em Cannes esse ano com todo o glamour envolvido e ainda conta com o ator Justin Long, que não sei porquê eu adoro, acho que me lembra alguém.

Bom, essa é minha dica, me desculpando pela ausência de posts e não tendo desculpas suficientes para que seja desculpada. Espero, sinceramente, que a moda Terrir retorne, eu adoro.


Ahhhh. A Revista Set desse mês trouxe um especial 100 filmes mais assustadores de todos os tempos. Já fiz minha listinha dos que ainda não vi para passar na locadora essa semana. A Volta dos Mortos-Vivos (George Romero) de 1968, O Iluminado (Stanley Kubrick) de 1980 e Psicose (Alfred Hitchcock) de 1922 apavoram sobre o pódio em primeiro, segundo e terceiro lugar respectivamente, apontando, para mim, aquela velha frase “Não se faz mais filmes (de terror) como antigamente”. Há!

Dêem vocês também suas opiniões, na minha, Poltergeist deveria estar no topo, ou bem próximo dele e bem longe de mim. Um bom e assustador agosto a todos.