sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

OSCAR - ‘Ao ver o corpo, ela chorou’

A Hora Mais Escura, indicado a cinco Oscars, concentra numa mulher sentimentos dos EUA por Bin Laden

Uma tela preta e sons, diversos sons. Do outro lado da linha, alguém atente ao telefone. Uma jovem diz que algo aconteceu, que não consegue ver nada, está muito calor. A atendente pede calma e afirma que o resgate chegará logo. Ela insiste sobre o calor, pede socorro e, em certo momento, as palavras cessam.
O espectador sabe, mesmo no escuro, que aquela voz perturbadora é de alguém que acabou de morrer no World Trade Center e que o dia é 11 de setembro de 2001.
“A Hora Mais Escura”, filme da premiada diretora Kathryn Bigelow e indicado a cinco Oscars, retoma a história dos ataques terroristas sofridos pelos EUA naquele 11 de setembro e que deram início à uma época de medo e paranoia do povo americano em relação ao inimigo, onde todos os esforços foram realizados na busca pelo líder da Al Qaeda, Osama bin Laden.
Nesse contexto, Maya (Jessica Chastain) é uma agente da CIA que está por trás da captura de Laden. Ela participa efetivamente da operação que levou militares americanos a invadir o território paquistanês, com o objetivo de capturar e matar Bin Laden.
Trama. Em “A Hora Mais Escura”, Bigelow retoma o assunto de “Guerra ao Terror” (que levou o prêmio de Melhor Filme em 2010, além de outras cinco estatuetas) por um outro ângulo. Enquanto ela focava o ‘mãos a obra’ da guerra no seu longa anterior, com um protagonista que trabalha desarmando bombas, neste filme ela resume a luta para encontrar um homem nos computadores -- e torturas pouco forçadas.
O longa gera a reflexão do cominho que a tecnologia está seguindo e questiona: se uma guerra pode ser feita por computadores, de que forma saberemos que ela acontece?
Em “A Hora Mais Escura”, a violência fica quase toda na cabeça do espectador. Você vê o rosto machucado do torturado, mas não vê o soco sendo desferido. Nesse ponto, a diretora soube magistralmente equilibrar o seu objetivo e a trama, que precisava mostrar os conhecidos “interrogatórios reforçados”, mas não queria que fosse essa a lembrança mais marcante.
Dessa forma, Bigelow mantém uma inteligência fria durante todo o longa, fazendo os próprios torturadores parecerem apenas funcionários realizando com normalidade um serviço pelo qual foram designados.
Maya. “A agente da CIA que havia passado os últimos cinco anos tentando encontrar Bin Laden aguardava a chegada da tropa. Ao ver o morto, ela chorou”, escreveu Mark Owen no livro “Não Há Dia Fácil”.
Indicada a Melhor Atriz, Jessica é Maya, a tal agente da CIA responsável por encontrar o terrorista. Ela carrega todo o sentimento do país dentro de si e o faz de forma contida, mas que torna as reações, as frustrações e a evolução do personagem perceptíveis.
O filme é longo e cansativo se quem o assistir não se informar anteriormente, mas tem grandes chances de receber Melhor Roteiro Original, Melhor Filme e Melhor Atriz.
Ficha
A Hora mais Escura
EUA, 2012
Diretor: Kathryn Bigelow
Indicações: 5 Oscar
Avaliação: Ótimo
Chances de receber Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz
Trailer aqui.

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