Filme de Spielberg deixa de lado produção estratosférica e se destaca ao discutir política O cinema, inicialmente, era classificado apenas como ferramenta de entretenimento, sem profundidade e direção a ser seguida. Hoje, mais de 90% do que encontramos nas salas de exibição continuam sendo fiel à antiga classificação, mas ainda assim existe um contingente de cineastas que percebeu na sétima arte uma forma de questionar e ensinar a sociedade, saindo do perímetro de entretenimento e atingindo um outro patamar, seja social ou histórico. É esse patamar que Steven Spielberg alcançou com “Lincoln”, indicado a 12 estatuetas no Oscar deste ano. “Lincoln” foi baseado no livro “Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln”, de Doris Kearns Goodwin, e se passa durante a Guerra Civil norte-americana. Ao mesmo tempo em que se preocupava com o conflito, o 16º presidente norte-americano, Abraham Lincoln (interpretado por Daniel Day-Lewis), trava uma batalha pessoal em Washington. Ao lado de seus colegas de partido, ele tenta aprovar uma emenda à Constituição dos Estados Unidos da América que abolirá a escravidão. Brasil. O filme foi aclamado por tabloides dos quatro cantos dos EUA, mas não foi tão bem recebido no Brasil por motivos óbvios. “Lincoln” é uma produção norte-americana para norte-americanos, é uma reflexão política do país e encanta quem entende e se interessa pelo assunto, mas não consegue entreter. A cena inicial é uma batalha ao estilo “O Resgate do Soldado Ryan” que deixou vários fãs com a expectativa a mil. Mas ao invés de seguir o ritmo que fez o diretor levar cinco estatuetas para casa em 1999, Spielberg preferiu cortar a guerra ao meio e logo no diálogo que sucede a cena ele mostrou a que veio. “Lincoln” é um filme controlado que propõe retratar a trajetória política e pessoal de um dos maiores presidentes do EUA. Excessos e tentações cinematográficas ficaram fora da produção. Isso, aliado à distância da história dos EUA com a do Brasil, faz de “Lincoln” um filme cansativo aos olhos tupiniquins, uma produção que causa emoção apenas na cena em que o congresso vota a tal emenda que acaba com a escravidão proposta pelo presidente. Essa, sim, é uma cena digna da grandiosidade e do que se espera do nada comedido Spielberg. Positivo. Alheio à cena, o filme é baseado em alguns ótimos diálogos (como a conversa inicial entre soldados negros e Lincoln, quando é recitado parte de um dos mais marcantes discursos do presidente) e na ousadia de Spielberg em mostrar que até um dos governantes mais queridos da história pode se envolver com corrupção. Mas, principalmente, “Lincoln” é baseado na excelente interpretação dos atores envolvidos. Daniel Day-Lewis já deixou de ser uma promessa promissora do cinema para sentar-se ao lado dos grandes e, neste longa, ele veste a carcaça do presidente americano como se ela já pertencesse a ele há anos, com uma naturalidade de encantar. Vendo Lincoln assim, como propôs Spielberg e como abraçou Lewis, o grande homem -- literalmente -- parece mais original do que aquele impresso nos dólares americanos. Vale dar créditos também a Tommy Lee Jones, que deixa seu perfil humorístico de lado para roubar a cena em diversos momentos do longa. “Lincoln” é claramente um filme com ‘cara de Oscar’: classudo, grandioso. E, por isso, tem muitas chances de receber estatuetas, até porque a Academia e o prêmio são americanos e estão inseridos naquela realidade. A aposta é principalmente e irrevogavelmente no prêmio de Melhor Ator (Daniel Day-Lewis), sendo seguida pelos possíveis Figurino e Direção. Mas, ainda assim, Spielberg segurou tanto a mão que pecou na falta de emoção, o que pode não dar ao longa o prêmio de Melhor Filme. FICHA: Lincoln EUA, 2012 Diretor: Steven Spielberg Indicações: 12 Oscars Avaliação: Bom O filme tem grandes chances de levar o prêmio de ‘Melhor Ator’ (Daniel Day-Lewis)Veja o trailer aqui.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
OSCAR - Lincoln: sem excessos e emoção
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