sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Vampiros pra que te quero!

Eles foram repaginados, são selvagens, sedutores, brilham no sol e bebem sangue, mas nenhum é melhor que o original
É noite, provavelmente de lua cheia. Entre a névoa um castelo antigo e negro seduz para um caminho sem volta. No quarto mais alto um homem de caninos afiados, postura hierárquica e vestindo capa está parado, observando silenciosamente pela janela. Não, não é o Batman. O personagem descrito acima tem mais de 100 anos e, de acordo com a história, se não tiver uma estaca enfiada no peito e a cabeça cortada, viverá para sempre.
Na semana da estreia mundial de Amanhecer – Parte II outro vampiro resolveu não sair do caixão e ofuscar o brilho cintilante dos personagens da autora Stephenie Meyer. Mas é preciso lembrar que sem ele o romance de Edward e Bella poderia ser mais um Romeu e Julieta contemporâneo. Portanto, é importante não esquecer que o filme Drácula de Bram Stoker, do diretor Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão), completou 20 anos no dia 15.
Coppola foi o único diretor de cinema a retratar de forma verossímil a história de Bram Stoker, autor do livro Drácula (datado de 1897) e principal popularizador de vampiros. Na trama, um guerreiro perde a noiva, que se suicida ao receber uma carta falsa alertando sobre a morte do rapaz. Desesperado, ele renega a Igreja por não querer enterrá-la e termina como um morto-vivo perambulando pelo mundo até encontrar a reencarnação da mulher que amou através dos séculos.
Filmes de vampiros têm sido feitos desde 1922, quando o diretor alemão Friedrich Wilhelm Murnau transportou Drácula para as telonas com o temível Nosferatu e uma década depois Tod Browning dirigiu o memorável Drácula do ator Bela Lugosi (1931). A criatura mudou com as produções posteriores mantendo, muitas vezes, apenas a essência: imortalidade e sede de sangue. Atualmente podemos escolher nosso tipo preferido de vampiro. Temos os sedutores Lestat (Tom Cruise) e Louis (Brad Pitt) de Entrevista com Vampiro (1994), o convertido e vegetariano Edward de Crepúsculo (2008), os sanguessugas geneticamente alterados de Blade, O Caçador de Vampiros (1998) até os selvagens sedentos de 30 Dias de Noite (1997). A lista é ainda maior, porém podemos encaixar todos os outros em alguma dessas características. Todos, menos Drácula.
O conde que tornou a Transilvânia conhecida tem algo que nenhum outro vampiro possui e que Coppola retratou de forma encantadora em sua produção artesanal de 1992 que arrebatou três Oscars. Drácula de Bram Stoker é sinistro, perturbador, seco e apaixonante. Não é um filme para qualquer um e certamente não caiu no gosto popular, mas tem o que apenas os clássicos e o mais recente Entrevista com Vampiro possuem: Puro sangue. Ao assisti-lo estamos condenados a lapsos de cenas que retornam a memória de forma inconsciente. O jeito é aceitar e deixar o vampiro-mór ficar. Afinal, Drácula não é um homem para ser esquecido, mas sim imortalizado tal qual manda o figurino

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