quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Contagem regressiva para daqui a 700 anos


Tudo começou em 1994 em um almoço informal pouco antes da estréia de Toy Story. Sentados a mesa estavam Andrew Stanton, Joe Ranft, John Lasseter e Pete Docter que discutiam a animação que revolucionou o mundo dos desenhos. Enquanto conversavam e comiam, os quatro fizeram um brainstorm em busca de idéias para novas criações.
Dessa lendária reunião surgiram nomes como Vida de Inseto, Monstros S.A. e o aclamado Procurando Nemo. Entre tantos grandes personagens com histórias emocionantes e efeitos especiais havia um que não passava de um nome, um nome sem passado ou futuro, o pequeno e solitário robô Wall-e.
Quase quatorze anos depois, a aproximadamente um ano atrás, foram eles, Woody e Buzz –Os históricos protagonistas de Toy Story– que apresentaram ao mundo a nova animação Disney/Pixar (que na minha opinião, foi a maior parceria já feita no país das maravilhas da animação) durante um evento esportivo Superbowl.
A partir dessa linha eu convido você -leitor apaixonado por animações- à apertar o cinto e aceitar uma carona comigo rumo ao ano de 2700. Pegue uma caneca de café bem quente passado na hora, faça uma pipoca de microondas (que é mais rápida) e embarque comigo na Axion –A nave que abriga os humanos longe da Terra– para ler uma prévia dessa aventura que está prestes a estrear nas telonas. Por favor, se quiserem entrar no clima ouçam “Aquarela do Brasil”. É ela que embala o primeiro trailer da animação.
Stanton precisava de uma idéia, de um robô que vivesse sozinho no planeta Terra e fosse apaixonado por seres humanos. Seus olhos foram inspirados em binóculos e, se olhar atentamente, terá referências do pequeno E.T. de Steven Spielberg. Peraí, recapitulando, sozinho no planeta? Sim, os seres humanos embarcaram na Axion porque a Terra estava tão cheia de substâncias tóxicas que seria impossível sobreviver aqui. Wall-e é o último dos robôs enviados ao planeta para limpá-lo e, 700 anos depois, só não virou sucata por trocar suas peças com as dos robôs que pararam de funcionar. Mas ele não está completamente sozinho, a pequena máquina tem como companheira uma baratinha simpática, sua melhor amiga.
Apaixonado pela cultura humana Wall-e é uma divertida criação que mistura objetos do nosso dia-a-dia com a falta de conhecimento do robozinho sonhador. Para variar, Stanton resolveu fugir do convencional e ousou! O diretor de Procurando Nemo cortou qualquer diálogo do início do filme. Parece chato? Até poderia ser se ele não tivesse deixado os efeitos sonoros a cargo de Bem Burtt, o mais conhecido designer de sons da indústria (que para quem não lembra criou as vozes dos andróides de Star Wars). A idéia inicial era de que Wall-e não falasse, como o robô R2D2 (do próprio Guerra nas Estrelas), mas o pequeno personagem balbucia algumas palavras.
Wall-e tem uma mensagem clara e simples com todo o floreio de uma história incrível e emocionante. Sintetizando o filme diria: "Não polua o planeta!" Claro que o enredo não gira apenas em torno de lixo e da solidão do robozinho, tem uma história de amor, aventura e uma quase inédita pitada de ação! O que já pôde ser visto, de leve, em Os Incríveis.
Uma novidade é que a animação será o primeiro longa da Pixar com Live-action (atores ou cenários reais), mas o diretor garantiu que é algo bem diferente do que apareceu em Happy Feet (tomara mesmo!). Ahhh, e como manda o figurino em todas as animações Disney/Pixar, Wall-e também conta com um curta-metragem introduzindo o filme. Encabeçado 'Presto', o curta mostra a história de um mágico e seu coelho mal-humorado.


Espero não pagar com a minha língua, mas já fiz várias apostas em Wall-e para a melhor animação da Pixar. Apostarei aqui também e pago um café se o filme não for realmente o melhor. Sem exageros, sem mais delongas, o longa tem todo o potencial para desbancar até o patamar de primeiro escalão de Procurando Nemo!


Wall-e estréia nessa sexta-feira (27 de junho) nas telonas do mundo todo, então aproveitem e corram para comprar seus ingressos antecipadamente. Já começou a contagem regressiva. Eu já reservei o meu.
"Será necessário o amor de um robô para que a Terra seja salva" Andrew Stanton
Ticiana Schvarcz



-publicado em 25 de junho de 2008 no www.ocafecultural.blogspot.com

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