quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Cinema com cifrão publicitário


Você já gostou tanto de um filme que se imaginou parte dele? É daquelas pessoas que quando ouve Gonna Fly now sente uma vontade imensa de subir correndo os degraus do Museu de Arte da Filadélfia? Bom, então você também consegue se imaginar andando pela cidade a noite e vendo a eternizada projeção do morcego negro em um edifício a sua frente. Pois essa foi apenas uma das ações de marketing produzidas para o filme O Cavaleiro das Trevas que desbancou algumas das maiores bilheterias da história do cinema mundial, arrecadando cerca de 920 milhões de dólares.
É fato comprovado que a expectativa causada pelas estranhas aparições relacionadas ao filme foi o principal fator de lucro nas exibições -além das especulações póstumas do coringa Heath Ledger-, mas é importante lembrar que tanto o marketing viral quanto a própria publicidade está para a Sétima Arte como está para a televisão, para o rádio, para os jornais. As duas sempre andaram juntas.
A verdade é que desde os anos 40, quando os atores apareciam fumando no cinema já havia uma empresa por trás e, a partir daí a coisa foi se... Vamos dizer assim: aprimorando. O resultado é que tanto o cinema aprendeu com a publicidade, quanto a publicidade utiliza, cada vez mais, atributos cinematográficos. E então não poderia deixar de citar os cineastas/publicitários ou publicitários/cineastas. Ridley Scott (de Hannibal, Gladiador) é um exemplo de cineasta que singrou pelo mundo publicitário.
Sem delongas, vamos voltar a cornucópia cinematográfica. A moda agora é o tal do Marketing Viral, que basicamente seria manifestações publicitárias que simulam o real, ou que partem de um princípio real, ou que fazem você acreditar que é real, usando como instrumento de difusão a internet. Esse gênero ganhou um espaço ainda maior depois das ótimas jogadas criadas para O Cavaleiro das Trevas, que fizeram com que as pessoas se sentissem parte da história, cada uma no simulacro de sua Gotham City.
Mas, você há de convir comigo que o Marketing Viral não é uma técnica nova. Vamos ao Star System Hollywoodiano. De volta para o passado de 1999 na cidade de Burkittsville, três estudantes somem misteriosamente enquanto tentavam produzir um documentário e a internet foi o veículo que divulgou desse desaparecimento. Eles estavam atrás da lendária Bruxa de Blair. O filme custou míseros $ 50 mil e angariou cerca de $ 200 milhões por causa de um simples “PROCURA-SE” solto pela web. Essa foi A sacada da história do cinema, alertando que o segundo filme é o ópio da produção, no sentido figurado de droga mesmo.
E o país tropical também se aprimorou na publicidade cinematográfica com um longa que revolucionou pelo novíssimo “marketing pirata”, conhece? Tropa de Elite e suas versões 01, 02, 10 vendidas nas barraquinhas próximas a sua casa. Os rumores é de que o filme teria sido ‘surrupiado’ antes de ser concluído, o que possibilitaria um final diferente. Jogada de marketing ou imprevisto lucrativo? Sabe-se lá.
Cloverfield – O Monstro assustou a galera que foi ao cinema assistir Transformers (falo deste depois) com uma aparição misteriosa durante os trailers de uma Nova York destruída por um monstro. Não havia nomes, produtora, chamadas, apenas as cenas. E tem a história de que um monstro real/fictício apareceu em algum lugar e que, possivelmente, ele foi criado para causar um ‘furdúncio’ pré-estréia também. Transformers, que tentou por tanto tempo esconder seu Optimus Prime e a gangue de carros-robôs começou, de uma hora para outra, a soltar imagens dos casts que seriam ‘não-oficiais’ e que abocanharam os fãs com aquele gostinho de “quero mais”. O Filme dos Simpsons deixou todo mundo com vontade de comer rosquinhas, até quem olhava para a Estátua da Liberdade, depois de soltarem na rede um vídeo em que o símbolo norte-americano segurava um delicioso biscoito nas mãos. Além de ter transformado vários pontos da cidade em lugares fictícios da cidade de Springfield.
A verdade é que, se for para citar todos os filmes é possível passar dias ‘escrevivendo’ e não lembrar todos. O importante é que a criatividade desses projetos permitiu às novas produções saírem do piegas, do comum, do clichê. Enquanto O Cavaleiro das Trevas mostrou o poder que esse tipo de divulgação tem, outras novas produções e difusões virão, sejam elas quais forem. É claro que a pergunta que fica é “Onde isso vai parar”? E não há uma resposta imediata. A interatividade é novidade e talvez mude também o modo de ver cinema. Por enquanto, assino em baixo e espero que apareçam outros morcegões, monstros e rosquinhas por aí. É bom para a publicidade, é bom para o cinema e é bom ainda para alimentar a imaginação.

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