domingo, 6 de junho de 2010

Mais que apenas um filme na prateleira


Ano passado, mais ou menos nessa época, eu estava no Rio de Janeiro (“andando em Copacabana, assim, com jeito de fim de semana...”) assistindo ao Mulher Invisível no Cine Odeon, lá na Cinelândia, e me encantando com as poltronas vermelhas, o saguão com azulejo xadrez, a cara de cinema antigo misturando o retrô, o cult e o pop. O Isaac, administrador do local, falava incessantemente sobre uma pré-estréia que iria acontecer na outra semana e que seria feita no local, o filme era Apenas o Fim.

Naqueles mesmos quatro dias cariocas eu e minha parceira de TCC conversamos com a coordenadora de marketing da Downtown Filmes, Cristiana Cunha, que falou muito sobre um projeto de um estudante de cinema da Puc Rio que foi abraçado pela produtora da Mariza Leão. O nome? Apenas o Fim. Essa semana eu achei o filme para comprar e já é a quarta vez que eu estou assistindo. Até decorei uma fala aqui, outra ali.

A história é simples e se baseia no fim do namoro dos dois protagonistas, interpretados por Érika Mader e Gregório Duvivier, e o filme todo gira em torno dos diálogos, ou seja, para quem é viciado em boas conversas cinematográficas como eu é fantástico! É triste, é normal, é inocente, é humano, sabe? Uma história de amor ao alcance. Ela resolve fugir e tem exatamente 1h para ficar com ele antes de ir e nesse tempo todo eles relembram, lavam roupa suja, encontram pessoas, blá blá blá. Só a cena do Marcelo Adnet eu achei estranha, mas passa.

Para um cidadão que viveu a infância e adolescência na década de 90 o filme retoma vários ícones da época, desde pokémon, Corrida Maluca, backstreet boys, Mario Bros, Vovó Mafalda, Bozo à Cavaleiros do Zodíaco e é fácil se identificar com os personagens o tempo todo, é tudo tão natural que parece que foi feito pelo seu vizinho que cresceu com você e fez o roteiro baseado na infância de vocês.

Bom, eu sou suspeita para falar sobre cinema nacional, mas fico cada vez mais feliz em ver filmes como esse, que não têm necessidade de ser polêmicos como um Cidade de Deus e um Tropa de Elite, que também não precisam estar em um patamar cult nacional daquelas produções sem pé nem cabeça e muito menos sem um final plausível. É apenas um filme de dia-a-dia, de convivência, daqueles que você assiste a qualquer momento, só por gostar. É um filme autobiográfico meu, seu, de quem quiser pegar para si.