domingo, 8 de março de 2009

Alex Supertramp: Aquele que tinha tudo, mas não tinha nada.


Cinco palavras, um questionamento e dependendo da resposta a expressão é distorcida e uma veia salta na testa. “Você já viu esse filme?” Ô perguntinha chata para qualquer cinéfilo. Chata não por poder iniciar uma conversa sobre o assunto preferido dele, mas pelas três letras que podem formar duas palavras contrárias e que fazem dessa uma questão de peso equivalente a um “ser ou não ser” (cinéfilo, no caso). São elas “sim” e “não”.

Para alguém que se sente “enturmado” em meio a sétima arte, ser questionado de algo que não viu é terrível, como se fosse possível que esse ser humano normal pudesse assistir todas as produções. E quando eu digo todas, são todas. E entre todas (todas) muitas vezes nós perdemos a oportunidade de vidrar os olhos em algumas produções dignas de não serem perdidas. Felizmente ainda existem locadoras e infelizmente alguém tem que trabalhar para poder sustentá-la ao invés de assistir filmes o dia todo.

Dias atrás eu tive a façanha de ser questionada sobre o mesmo filme por nada mais nada menos que três pessoas em 24hs e, olha que sensação maravilhosa, eu não o tinha visto. No entanto a janela do meu quarto é muito baixa, isso significa que eu apenas quebraria uma perna com o tombo. Então, lutei contra a minha autocrítica que repetia “Três pessoas!” e fui a locadora alugar “Na Natureza Selvagem”.


Dica instantânea: Pare de ler, assista ao filme e volte aqui para comentar, adoro opiniões diversificadas. Bom, a produção é baseada em uma história real e dirigida por um atorzinho aí ganhador de Oscar[s] (com toda a ironia), Sean Penn. Aliás, ele gostou da coisa e está querendo mesmo largar a atuação para se dedicar a direção de longas. É uma perda para um lado e um ganho para o outro.

Bom, eu gosto de Emile Hirsch desde Alpha Dog, mas tive uma decepção de leve em Speed Racer. De qualquer maneira ele ficou ótimo no papel de Christopher McCandless, o andarilho Alex. Vamos abrir um apêndice e dizer que a trilha sonora é Eddie Vedder puro, que lançou o seu primeiro cd solo com o filme que emplacou, enquanto que o cd... Bom. Não sei o porquê, eu emplacaria.

Sean Penn demorou dez anos para conseguir a autorização da família McCandless para transformar o livro em filme e fez um trabalho extraordinário. A fotografia é ótima também. O longa tem quase três horas de duração, mas não é cansativo e, o melhor, não é clichê. Apesar de ter me lembrado um pouco Brad Pitt e sua viagem ao Tibet.

Vale lembrar que não houve dublês em nenhum momento, ou seja, Hirsch é quase um Jackie Chan (que comparação, eu nem gosto dele). O interessante é a montagem que Sean Penn faz da história, ele mistura tempos e acontecimentos para que, no fim, tudo faça sentido e esteja interligado. Fiquei interessada também em ler o livro que originou o filme, que aliás, foi escrito por um cara que queria o mesmo que Christopher, liberdade e o mundo. Quando soube da história, o escritor resolveu passar por todos os lugares onde ele teria ido e acabou reencontrando pessoas que o conheceram e contaram sobre o tempo que tinham passado com o andarilho. E aí veio a idéia do livro baseado nos relatos dessas pessoas que participaram, de certo modo, da trajetória de Chris McCandless, além das anotações do diário dele. Resumindo, é uma história de libertação, amor, autoconhecimento e felicidade.

Quem ainda não assistiu, fica aí a dica. Aliás, se tiver TV a cabo facilita, porque o filme está sendo reprisado há vários dias em algum dos 1872819729 Telecines. Só para finalizar, um amigo meu me questionou, não se eu havia visto o filme, mas sobre as conclusões que eu tinha tirado ao vê-lo. Respondi: “Conhece Tom Jobim? Sabe quando ele escreveu –em Wave- aquela frase: É impossível ser feliz sozinho? Foi mais ou menos isso.”

E para não perder o costume, eu pergunto: Já assistiu o Na Natureza Selvagem?



“A felicidade só é real quando é compartilhada” Chris McCandless