sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

NAS TELONAS: O Dia em que Keanu Reeves me Decepcionou (tá. Nem foi a primeira vez)


O filme vale uma notinha e é exatamente isso que vou tentar fazer, me conter nas palavras. Vale contar que entrei com atraso no cinema (mas não perdi nem o primeiro segundo do filme) e tive que ouvir de um amigo meu: “Poxa, vocês vão perder a melhor parte do filme, os trailes”. Eu ainda tinha esperança.
O Dia em Que a Terra Parou começa no estilo Armageddon, mas sem a pitada de “I Don't Want To Miss A Thing” para dar aquela vontade de chorar. A idéia de conscientização contida no filme até que é boa, mas devia parar na versão da década de 50. Pois sim, a produção é simplesmente um remake do filme de mesmo nome lançado em 1951, baseado no conto de Harry Bates. O que não é surpresa, já que o mesmo aconteceu com A Guerra dos Mundos.
A diferença é que a película lançada em 2009 teve como orçamento uma bagatela de U$$ 79 milhões a mais que a primeira produção, que teve um custo de um milhão, algo inacreditável para os dias de hoje. Deviam ter parado na primeira versão.
A produção de 1951 é considerada, por muitos, uma obra-prima da ficção científica cinematográfica lado B. Por isso insisto para que assistam a primeira, pelo menos vão pensar: "É um filme e tanto para a época", e se quiserem ver um extraterreste –e não o Robocop- destruindo o planeta, assistam Independence Day porque, pelo menos, tem o humor do Will Smith. Ou então, se quiserem ver catástrofe assistam O Dia Depois de Amanhã e se quiserem chorar, assistam Armageddon ou E.T- O Extraterrestre. O Dia em que a Terra Parou não se encaixa em nenhuma dessas possibilidades, se quiserem se decepcionar, assistam-no.


Só um comentário para ratificar o que, acima, deveria ter sido uma nota: O filme recebeu indicação ao Framboesa de Ouro de Pior Remake, Sequência, Prelúdio ou Filme Derivado de Algo.

Ticiana Schvarcz

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

NAS TELONAS: Bolt – O super... comum.

Ele rosna, tem visão de raio laser, abana o rabinho, dá super latidos e salva a pequena donzela em apuros. Esse é Bolt, o novo cão herói da Disney que está ocupando as telonas do Brasil em janeiro. Descrevendo o filme em uma palavra eu diria com aquela voz silábica de apertar bochechas: “bo-ni-tiii-nhoo” e pararia por aí.
O filme é lindo, muito bem feito (desenhos, efeitos, expressões dos personagens), mas, por mais que dê vontade de levar o cãozinho para casa a história deixa a desejar. A verdade é que a animação tenta, no entanto não foge do clichê do cão que salva o dono. A diferença é que Bolt acredita mesmo ser um supercão porque foi criado como tal. Trancado em seu trailer após as gravações do seriado em que é o ator principal, o cachorrinho não sabe bulhufas do que ocorre no mundo a sua volta. Mas, preocupado com sua Penny (a dona), um dia ele acaba fugindo e conhece uma gata abandonada que mostra a ele como é ser um cachorro normal. Então ele volta para a sua “pessoa” sabendo que não é um herói de verdade e um imprevisto o obriga a arriscar a vida para salvar a garotinha que o criou. Pastiche? Clichê? Ah, mas ele é tão bonitinho.

Mas não é de hoje que a Disney não acerta em seus filmes 3D, as últimas três produções também não tiveram grande repercussão. A Família do Futuro, em 2007, pecou no roteiro por ser um tanto complexo para o público infantil e Selvagem, em 2006, praticamente reutilizou o roteiro de Madasgascar e teve o “azar” de lançar o filme quase ao mesmo tempo de Os Sem Floresta, da Dreamworks. Mas eu preciso admitir que eles não pouparam despesas em produção e, mesmo não sendo um clássico, vale a pena assistir ao filme. Antes de Selvagem a Disney exibiu em 2005 o Galinho Chicken Little. O filme é divertido e encantador e às vezes ainda me pergunto porque o desajeitado galinho não foi tão apreciado pelo público. Sim, eu respondo, o roteiro deixa você esperando algo mais, ou alguma explicação plausível. Mas é uma boa pedida para um quiz sobre filmes, já que a animação cita várias produções cinematográficas.
Vou fazer uma ressalva. Nem Selvagem, nem o Galinho, os Robinsons ou o supercão Bolt são produções ruins, elas apenas não tem aquela pitada de clássico Disney. Apenas vá ao cinema e assista a história do quatro patas, porque assim como com Lassie, Rin-Tin-Tin, Milo (de O Máscara), Jerry Lee (K9), Bud ou Beethoven, ainda não encontraram uma maneira de mostrar o cão nas telonas que não seja descrevendo a repetida expressão: O melhor amigo do homem.


Ticiana Schvarcz

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Pré-Oscar 2009



Na manhã de hoje a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou o nome dos filmes indicados para concorrerem ao Oscar 2009. Entre as notícias sobre o evento, depois de abaixo-assinados com mais de 4000 assinaturas de fãs do mundo todo, como era de se esperar, Heath Ledger recebeu a desejada indicação póstuma para melhor ator coadjuvante por sua interpretação de Coringa em O Cavaleiro das Trevas. O filme também disputa mais sete categorias, todas técnicas. No entanto, se eu fosse escrever sobre todos os filmes indicados ficaria dias aqui, então vou fazer uma síntese sobre os principais concorrentes a estatueta.

O mais indicado do ano, disputando 13 cavaleiros, é o drama O Curioso Caso de Benjamin Button, no qual Brad Pitt pode ganhar seu primeiro Oscar de Melhor Ator. O filme é baseado no livro de F. Scott Fitzgerald e exibe a história de um ser humano que nasce com todos os problemas e características de uma pessoa idosa e que rejuvenesce a cada ano, invertendo o ciclo da vida. O filme, por mais pacato que seja sua primeira parte, equilibra drama, humor e aventura em um romance impossível entre Pitt e Cate Blanchett. A trilha sonora merece destaque tanto quanto os efeitos, principalmente no início do filme quando o que se vê é um bebê abandonado com todos os aspectos de um adulto de 80 anos. Bom, para uma produção em que Brad Pitt passava cinco horas se maquiando e que, anteriormente, teria cotado Steven Spielberg, Tom Cruise, Ron Howard, John Travolta, Spike Jonze e Rachel Weisz, acredito que as estatuetas serão bem entregues. O longa disputa também por Melhor Filme, Melhor Diretor com David Fincher e Melhor Atriz Coadjuvante com Taraji P. Henson, além de Roteiro Adaptado, Edição, Maquiagem, Fotografia, Trilha, Mixagem, Efeitos, entre outros. Um turbilhão de possibilidades e a cadeira reservada nos cinemas. (Ainda dá tempo!)

O segundo filme mais indicado ao cavaleiro dourado é Quem Quer Ser um Milionário?. Concorrendo em dez categorias, entre elas Melhor Filme, Melhor Direção com Danny Boyle (Trainspotting), Roteiro Adaptado, Edição, Fotografia, Trilha e Canção (tendo essa categoria duas indicações). O longa não é de fácil acesso, mas acredito que sua aparição decimal no Oscar altere essa realidade. Num formato independente e repleto de rostos desconhecidos a trama transcorre por uma favela da Índia, quando um garoto órfão e analfabeto é o primeiro a alcançar a etapa final de um jogo de perguntas e respostas parecido com o brasileiro “Show do Milhão”. Entre as cores vibrantes e a miséria do local, algumas pessoas que assistirem o filme podem relembrar o longa de Fernando Meirelles, Cidade de Deus, e com razão, já que a co diretora das duas produções é a mesma, Kátia Lund, e trabalha do mesmo modo.

Com concorrentes à altura a disputa continua com as oito indicações do Drama biográfico sobre Harvey Milk, o primeiro candidato gay oficialmente eleito no estado da Califórnia. Milk – A Voz da Igualdade concorre, entre as demais estatuetas, ao prêmio de Melhor Ator para Sean Penn, que pode receber o seu segundo troféu hollywoodiano desde Sobre Meninos e Lobos em 2003. O filme também está na disputa pela categoria de Melhor Diretor para Gus Van Sant (Gênio Indomável).

Logo atrás -porém não menos encantador- está a história do robô solitário deixado na Terra por 700 anos para limpar a sujeira dos humanos. A animação Disney/Pixar, Wall-e, recebe seis indicações e dificilmente a Odisséia do robozinho não levará para cara a estatueta de melhor animação.

Empatados com cinco indicações estão o drama histórico pós escândalo Watergate, Frost/Nixon (incluindo Melhor Filme, Melhor Direção -Ron Howard- e Melhor Ator) e o romance O Leitor, levando novamente a expectativa de receber a estatueta ao diretor Stephen Daldry, depois de ter sido indicado pelos filmes As Horas e Billy Elliot. O longa também concorre na categoria de Melhor Atriz para Kate Winslet, que já recebeu três vezes essa indicação.

O prêmio de mérito da Academia completa, em 2009, 81 edições e, como nas outras oito décadas, nomes de ‘peso’ como Robert Downey Jr, Angelina Jolie, e Meryl Streep caminharão sobre o tapete vermelho para concorrer a estatuetas. Antes de divulgarem as indicações oficiais, algumas categorias recebem dezenas de longas para serem analisados e, deles, escolhidos os cinco melhores. Em 2009 o evento acontecerá no dia 22 de fevereiro (domingo) e o cavaleiro dourado de valor imensurável vai, por mais um ano, reunir o mundo em uma de suas mais belas criações, a sétima arte. Boa noite e boa sorte (a todos).

Ticiana Schvarcz

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Cinema com cifrão publicitário


Você já gostou tanto de um filme que se imaginou parte dele? É daquelas pessoas que quando ouve Gonna Fly now sente uma vontade imensa de subir correndo os degraus do Museu de Arte da Filadélfia? Bom, então você também consegue se imaginar andando pela cidade a noite e vendo a eternizada projeção do morcego negro em um edifício a sua frente. Pois essa foi apenas uma das ações de marketing produzidas para o filme O Cavaleiro das Trevas que desbancou algumas das maiores bilheterias da história do cinema mundial, arrecadando cerca de 920 milhões de dólares.
É fato comprovado que a expectativa causada pelas estranhas aparições relacionadas ao filme foi o principal fator de lucro nas exibições -além das especulações póstumas do coringa Heath Ledger-, mas é importante lembrar que tanto o marketing viral quanto a própria publicidade está para a Sétima Arte como está para a televisão, para o rádio, para os jornais. As duas sempre andaram juntas.
A verdade é que desde os anos 40, quando os atores apareciam fumando no cinema já havia uma empresa por trás e, a partir daí a coisa foi se... Vamos dizer assim: aprimorando. O resultado é que tanto o cinema aprendeu com a publicidade, quanto a publicidade utiliza, cada vez mais, atributos cinematográficos. E então não poderia deixar de citar os cineastas/publicitários ou publicitários/cineastas. Ridley Scott (de Hannibal, Gladiador) é um exemplo de cineasta que singrou pelo mundo publicitário.
Sem delongas, vamos voltar a cornucópia cinematográfica. A moda agora é o tal do Marketing Viral, que basicamente seria manifestações publicitárias que simulam o real, ou que partem de um princípio real, ou que fazem você acreditar que é real, usando como instrumento de difusão a internet. Esse gênero ganhou um espaço ainda maior depois das ótimas jogadas criadas para O Cavaleiro das Trevas, que fizeram com que as pessoas se sentissem parte da história, cada uma no simulacro de sua Gotham City.
Mas, você há de convir comigo que o Marketing Viral não é uma técnica nova. Vamos ao Star System Hollywoodiano. De volta para o passado de 1999 na cidade de Burkittsville, três estudantes somem misteriosamente enquanto tentavam produzir um documentário e a internet foi o veículo que divulgou desse desaparecimento. Eles estavam atrás da lendária Bruxa de Blair. O filme custou míseros $ 50 mil e angariou cerca de $ 200 milhões por causa de um simples “PROCURA-SE” solto pela web. Essa foi A sacada da história do cinema, alertando que o segundo filme é o ópio da produção, no sentido figurado de droga mesmo.
E o país tropical também se aprimorou na publicidade cinematográfica com um longa que revolucionou pelo novíssimo “marketing pirata”, conhece? Tropa de Elite e suas versões 01, 02, 10 vendidas nas barraquinhas próximas a sua casa. Os rumores é de que o filme teria sido ‘surrupiado’ antes de ser concluído, o que possibilitaria um final diferente. Jogada de marketing ou imprevisto lucrativo? Sabe-se lá.
Cloverfield – O Monstro assustou a galera que foi ao cinema assistir Transformers (falo deste depois) com uma aparição misteriosa durante os trailers de uma Nova York destruída por um monstro. Não havia nomes, produtora, chamadas, apenas as cenas. E tem a história de que um monstro real/fictício apareceu em algum lugar e que, possivelmente, ele foi criado para causar um ‘furdúncio’ pré-estréia também. Transformers, que tentou por tanto tempo esconder seu Optimus Prime e a gangue de carros-robôs começou, de uma hora para outra, a soltar imagens dos casts que seriam ‘não-oficiais’ e que abocanharam os fãs com aquele gostinho de “quero mais”. O Filme dos Simpsons deixou todo mundo com vontade de comer rosquinhas, até quem olhava para a Estátua da Liberdade, depois de soltarem na rede um vídeo em que o símbolo norte-americano segurava um delicioso biscoito nas mãos. Além de ter transformado vários pontos da cidade em lugares fictícios da cidade de Springfield.
A verdade é que, se for para citar todos os filmes é possível passar dias ‘escrevivendo’ e não lembrar todos. O importante é que a criatividade desses projetos permitiu às novas produções saírem do piegas, do comum, do clichê. Enquanto O Cavaleiro das Trevas mostrou o poder que esse tipo de divulgação tem, outras novas produções e difusões virão, sejam elas quais forem. É claro que a pergunta que fica é “Onde isso vai parar”? E não há uma resposta imediata. A interatividade é novidade e talvez mude também o modo de ver cinema. Por enquanto, assino em baixo e espero que apareçam outros morcegões, monstros e rosquinhas por aí. É bom para a publicidade, é bom para o cinema e é bom ainda para alimentar a imaginação.